sexta-feira, 24 de maio de 2013

Artigo
Ser ágil é ser disciplinado
Escrito por:
Frederico Tomazetti


Frederico Tomazetti
Analista de desenvolvimento
Microuniverso – BH/MG

No começo as siglas e os termos em inglês assustam um pouco, “product owner (PO)”, “Scrum Master (SM)”, “Back log”, etc. A associação com o Rugby (scrum1, jogada deste esporte) também não diz muita coisa para nós que nascemos chutando uma bola redonda para dentro das traves do futebol que balançam suas redes como sinal da vitória.

Quem chega de fora tem a falsa idéia de que o mundo acabou e começou outro naquele lugar onde pessoas discutem metodologias ágeis de gerenciamento de equipes. Mas aos poucos, com um pouco de prática e estudo, percebe-se que não estamos encarando nenhum bicho estranho ou um dragão indomável.
As técnicas ágeis de gerenciamento são formas diferentes, inovadoras e práticas de fazermos o nosso trabalho diário de um jeito que possamos ir para casa com a sensação do dever cumprido e possamos dedicar nosso tempo fora do trabalho para nós, para a nossa família, para as nossas vidas.

A primeira vista parece que a coisa toda é uma bagunça, algo sem um controle, que não vai funcionar, que é apenas mais uma invenção louca de quem tem a cabeça nas nuvens. Mas basta por em prática as técnicas e métodos sugeridos pelo gerenciamento ágil e percebe-se logo que a primeira e mais importante característica que precisamos ter para que tudo funcione de forma correta é “disciplina”.

A disciplina é a base de tudo, a responsabilidade individual é que dá sustentação a uma equipe que pensa em ser auto-gerenciável, que quer, um dia, não precisar de ninguém dizendo a todo instante o que deve ser feito e cobrando a cada meia hora se já está pronto. Afinal, Deus fez o mundo em seis dias porque não tinha ninguém perguntando quando iria ficar pronto.

A medida que as técnicas de gerenciamento ágeis são implementadas vamos percebendo que trabalhar muito é sinônimo de trabalhar errado, excesso de trabalho não é mais a característica marcante de um bom profissional. Passar 12 ou 14 horas por dia no trabalho, não poder sequer almoçar direito, não ter sábado, domingo ou feriado para descansar, ficar impossibilitado de tirar férias, vira exemplo, agora, de profissional sem agilidade, engessado a antigos paradigmas caóticos de trabalho.

A melhor notícia que pode-se dar sobre a implementação de técnicas ágeis é que a coisa começa com o que já existe, a mudança não é um “final cut”, ou seja, não é um corte final, uma ruptura imediata de um método de trabalho para adotar outro completamente diferente. A primeira coisa que se faz é medir o esforço da equipe, mensurar a capacidade de produção e também ver o quando de retornos e ciclos viciosos existem no trabalho diário. Através de informações visuais diárias, o método kanban2, pode-se mensurar o quanto se produz e o quanto se perde de produção, seja em qualquer tipo de produto, desde a fabricação de foguetes, automóveis, aviões de papel, oficinas de manutenção ou fábrica de softwares, este último o nosso foco de trabalho.

As medições diárias de produção nos darão informações confiáveis sobre a situação da equipe, qual a sua capacidade, quais suas deficiências, onde agir para melhorar, onde focar treinamento, onde investir para manter o que já temos de bom dentro de casa e principalmente como agir para o futuro, quais tarefas podemos colocar em prática com a certeza que será feita dentro do esperado e com a qualidade desejada.

Com estas informações em mãos os Scrum Masters3 poderão direcionar tarefas, barrar excessos e também modificar planejamento no meio do caminho de forma que as necessidades de produção sejam atendidas dentro do limite de trabalho aceitável para se ter um produto confiável.

Ao se implantar métodos ágeis de trabalho, pode-se mudar o rumo de um projeto em andamento sem necessariamente perder o foco no objetivo principal, que é entregar o produto com qualidade no final do processo.

Com o passar do tempo e com a implantação completa dos métodos ágeis de gerenciamento a criatividade individual aflora com mais intensidade e aos poucos a equipe toda será um grupo criativo de profissionais, capazes de produzir boas idéias e por consequência bons produtos e boa lucratividade.

Métodos ágeis é uma terra fértil para o desenvolvimento criativo das pessoas e para transformar esta criação toda em algo útil e rentável.

Tudo até aqui parece tão lindo, tão perfeito, mas nem tudo são flores em um processo de mudança de paradigmas e a principal dificuldade, como não poderia deixar de ser, são as pessoas. Mudar, para a maioria de nós, é sinônimo de estorvo, incomodação. Muitos de nós já estamos trabalhando do mesmo jeito há vários anos e a coisa parece que está tão bem! Mudar vai dar trabalho, vai atrapalhar o que já fazemos tão bem e no “automático”.

É tão bom sairmos de casa cedo, chegarmos ao trabalho e termos alguém para nos dizer o que devemos fazer, não precisamos sequer pensar no que deve ser feito e porque deve ser feito. A tarefa já está lá, basta executá-la. Feita a nossa parte, passamos a bola para frente e o próximo responsável pelo processo que se vire com suas responsabilidades. No fim do dia voltamos para casa com a mesma formação mental que saímos, em suma, um dia se passou e continuamos a mesma pessoa, não evoluímos intelectualmente um degrau sequer. Isso nos remete a clássica cena do cinema mudo vivida por Chaplin em seu filme “Tempos Modernos”, onde Carlitos literalmente entra em parafuso de tanto rosquear porcas em uma esteira de produção.

Este é o ponto mais difícil da implementação dos métodos ágeis. Iremos enfrentar pessoas engessadas e também organizações estruturadas de forma rígida, nos antigos moldes do exército, onde não há um “facilitador” e sim um “supervisor”, alguém que vigia ao invés de orientar e colocar-se em posição de auxilio.

Estes impedimentos são os principais responsáveis pelos fracassos nos processos de mudanças, muitas vezes fracassos que custam caro, desestimulam talentos, podam a criatividade individual e até mesmo levam ao encerramento prematuro das atividades de empresas que lutaram por décadas por um lugar ao sol.

Para ser ágil são necessárias muitas coisas e ao mesmo tempo tão poucas. Para começar basta ter a disciplina e a vontade de mudar, para continuar é necessário a perseverança e a visão de que não devemos mais voltar aos tempos arcaicos da administração por imposição.

Todos hoje querem agilidade em tudo. Por que nós ficaremos para trás?


 
1 - Scrum – Jogada existente no rugby onde a força do time unida visa vencer a barreira adversária.
2 - kanban - Palavra japonesa que significa literalmente registro ou placa visível.
3 - Scrum Master – Pessoa dentro da equipe responsável por orientar o uso da força para melhor direcioná-la ao objetivo final, que é vencer a barreira adversária.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Artigo
Atendimento ao Cliente
Escrito por:
Cézar Vieira Fernandes
Sheila Cristina da Costa
Lívia Maria de Oliveira
Samira Graciele dos Santos


Atendimento ao cliente


O foco de um setor de atendimento é o cliente. Este setor é responsável pela condução e manutenção do cliente  na empresa. É nele que se realiza a coleta de informações que levarão ao correto entendimento das necessidades do cliente para que se possa atendê-lo da melhor forma possível.

            Prestar um atendimento de qualidade é muito mais que simplesmente ESCUTAR o cliente. A tarefa primordial é OUVIR levando em conta suas necessidades de modo a atingir suas expectativas e assim, fornecer a resposta, o produto e o serviço favoráveis a essas necessidades. O “saber OUVIR” é, além de usar o sentido da audição, utilizar a informação observando os pontos relevantes, como por exemplo, o que o cliente faz, como ele faz.  A rotina “Ouvir – Filtrar – Analisar – Agir”  é um importante passo, no setor de Atendimento, para  a melhoria da solução.

A integração das equipes da Software House também é um fator essencial para a manutenção do cliente  pois a comunicação e o entrosamento entre as equipes promovem a eficácia da resposta e a agilidade no fornecimento da solução.

Na gestão de um setor de atendimento os problemas reportados não devem ser vistos como um gasto ou tempo desperdiçado, mas sim uma  OPORTUNIDADE para a  melhoria do produto/solução. Desta forma, os dados colhidos neste setor se tornam relevantes para o planejamento estratégico dos gestores, o qual tem como objetivo a solução dos problemas de forma eficaz levando em consideração as reincidências e, conseqüentemente, oferecendo um produto mais eficiente.
           
Atualmente, o fator determinante de concorrência não é a tecnologia utilizada e sim a qualidade do setor de atendimento. O perfil do profissional selecionado para representar a empresa perante o cliente é um item essencial para atingir os objetivos citados anteriormente. Estes profissionais precisam ter empatia, persistência,  automotivação, empenho, compromisso e consciência da importância do seu papel na empresa. A união destas características profissionais e o reconhecimento destes pelos gestores torna o ambiente mais colaborativo e conseqüentemente  um cliente mais feliz e satisfeito com os produtos e serviços.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Artigo
Inclusão Digital: Os Desafios dos Portadores de Necessidades Especiais na Informática.
Escrito por: Cézar Vieira Fernandes

1.            INTRODUÇÃO
O presente artigo é formulado diante do quadro social atual, em que se faz necessário pensar e colocar em prática mudanças e oportunidades que favoreçam a inclusão digital para pessoas com deficiência.

O desenvolvimento de novas tecnologias é um processo rápido e constante. Assim, deve-se pensar em propostas que diminuam a distância desse grupo de pessoas às novas tecnologias, para assim terem acesso de modo eficiente à informação.

Conforme afirmam Júnior e Silva (2009), assiste-se à evolução, nos últimos 50 anos, assim como a disseminação e apropriação com mais velocidade de uma tecnologia na história, que é representada pela informática, e com ela, a Internet. Com o cenário atual, onde a cada dia uma nova tecnologia é apresentada, chega-se ao esforço de diminuir, minimizar a exclusão social, de modo a atingir o grupo de PNE’s (Pessoas com Necessidades Especiais), habilitando-os ao uso de meios que facilitarão o acesso à informação, e promovendo assim, a inclusão social.

Para esse grupo, a inclusão digital tem, de modo especial, uma grande importância, devido às possibilidades que são oferecidas. O modo de circulação da informação, em conjunto com sua melhoria, demanda requisitos de tecnologias cada vez mais aprimorados. Dessa forma, conforme explicitado anteriormente, a inclusão não tem apenas um lado informativo, ela também faz com que aconteça a inclusão social para essas pessoas. A acessibilidade digital, fruto desse esforço, é a capacidade de um produto ser flexível o suficiente para atender às necessidades e preferências do maior número possível de pessoas, além de ser compatível com tecnologias assistivas usadas por pessoas com necessidades especiais, por isso a importância de se levar em consideração os limites e necessidades para adequar, da melhor forma possível, o acesso à informação para PNE’s.
2.      OBJETIVO
Objetivo Geral          
Apresentar alguns conceitos básicos que permitam o esclarecimento sobre a necessidade de se incluir digitalmente os Portadores de Necessidades Especiais.

Objetivo Específico          


·         Conceituar alguns termos para uma melhor compreensão da inclusão digital de PNE’s.
·         Salientar a idéia de que a tecnologia é um fator importante para que a inclusão social possa ser promovida, com a a sua aplicação através da inclusão digital, dessa forma, defendendo a idéia sobre como a tecnologia influencia a vida de pessoas com deficiência.
·         Apresentar alguns softwares que já foram desenvolvidos para os PNE’S.
3.      METODOLOGIA
Este trabalho é composto de uma pesquisa bibliográfica que esclarece alguns conceitos básicos para a compreensão da necessidade da inclusão digital dos PNE’s, tais como inclusão digital, exclusão digital e acessibilidade. Será detalhado o conceito dessas áreas, de modo a elucidar o fato de que, observando esses conceitos, consegue-se chegar ao objetivo do trabalho, mostrando o que deve ser levando em conta para que possa ser promovida a inclusão digital para pessoas com deficiência.

O artigo também mostra a importância da tecnologia para a inclusão dos Portadores de Necessidades Especiais. Além disso, o presente estudo aponta também alguns softwares voltados para o auxílio aos deficientes na sociedade. São softwares pagos ou gratuitos que foram pesquisados e que já se encontram em utilização.


4.      DESENVOLVIMENTO
        Conceito de Inclusão Digital

De acordo com Lemos (2003), incluir é parte do princípio de que a sociedade deve ser incluída na era da informação. Essa inclusão é ainda, de fato uma meta, porém incluir no contexto de ‘Inclusão Digital’ significa adaptar, moldar e formar pessoas com capacidade de manipular programas e sistemas operacionais. Três pilares formam um tripé fundamental para que a inclusão digital aconteça: TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação), renda e educação.

Um importante foco a destacar é que incluir digitalmente, dentro do quadro
social, envolve uma série de ações, com parcerias governamentais e organizações, que visam disponibilizar acesso à informação por meio da tecnologia.  Silva Filho (2003) elucida que os órgãos governamentais, atuando como principais protagonistas, devem assumir o papel de coordenadores e que atuem, em conjunto, com a sociedade civil organizada, assegurando assim, o tripé da inclusão digital. 

Segundo Mourão (2009), a “inclusão digital é a universalização da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)”. Dessa forma, destaca-se a inserção do indivíduo às facilidades de acesso à informação.
           
         A Importância da Inclusão Digital

É importante defender a idéia de que a inclusão digital dever ser resultado de uma política pública, com orçamento destinado a promoções de ações que tenham como resultado inclusão e equiparação de oportunidades a todos os cidadãos.

No campo da educação, a inclusão digital deve ser parte do processo de ensino de forma a promover a educação continuada. Cabral, citado por Rebelo (2005), afirma que é impreciso utilizar o termo inclusão digital atualmente, porque não mostra à sociedade o contexto social envolvido na questão. “Preferimos a idéia de apropriação social das tecnologias de informação e comunicação (TIC), cuja relação direta é a tomada de consciência e cidadania nas comunidades”, explica.

Segundo Werneck (2003), presidente da Escola de Gente - Comunicação em Inclusão e escritora,

O conceito de inclusão nos ensina não a tolerar, respeitar ou entender a deficiência, mas sim a legitimá-la, como condição inerente ao ‘conjunto humanidade’. Uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum.

Como uma possível solução, Mark Warschauer, professor do departamento de educação e do departamento de Informática da Universidade da Califórnia, defende a idéia de que, ao se instalar computadores nas escolas, adota- se uma das alternativas que se mostraram mundialmente eficientes nos países em desenvolvimento. Com diretrizes sérias, o aluno aprende não apenas o que tem que aprender na sala de aula, mas acrescenta um ofício à sua bagagem intelectual.

Dentro do contexto, Silva Filho (2003) explicita a idéia de que assim “considera-se que a inclusão digital é necessária a fim de possibilitar a toda a população, por exemplo, o usufruto dos mais variados serviços prestados via Internet. Hoje em dia, ter acesso à Internet significa acesso a um vasto banco de informações e serviços”. Explica-se, dessa forma, a importância de se observar a necessidade de se preocupar com o acesso da informação, visando à melhoria da educação e a ampliação de novos espaços.

Para Rebelo (2005), inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia. Para o mesmo, em termos concretos, incluir digitalmente não é apenas “alfabetizar” a pessoa em informática, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores.

É importante salientar também que a situação fica mais complicada quando o trabalho de inclusão se realiza por projetos mediados na escola em que o portador de necessidade especial estuda. Dessa forma, se faz necessária “a formulação de políticas públicas de orientação, educação formal e não formal, proficiência tecnológica e de uso das tecnologias da informação e comunicação e das tecnologias assistivas” e, conforme afirmado pelo mesmo, “esses recursos podem servir de suporte a inúmeras atividades para todas as pessoas".

Por isso, a preocupação com o acesso à informação para os PNE’s (Portadores de necessidades especiais), uma vez que o grau de necessidade varia de indivíduo para indivíduo, e para fazer atendimento ao mesmo, é importante proporcionar formas eficazes para que se promova o completo domínio da tecnologia para os mesmos.

De acordo Rebelo (2005, p. 2), “Somente colocar um computador na mão das pessoas ou vendê–lo a um preço menor não é, definitivamente, inclusão digital. É preciso ensiná–las a utilizá–lo em benefício próprio e coletivo”. De modo direto, Warschauer (2005) defende que as TIC podem levar os PNE’s a superar problemas de mobilidade, limitações físicas ou discriminação social. Silveira (2002, p. 2) faz referência à inclusão digital como “a universalização do acesso ao computador conectado à Internet, bem como ao domínio da linguagem básica para manuseá-lo com autonomia”.

Os indivíduos com necessidades especiais precisam encontrar formas de compensar suas dificuldades através de programas e acessórios. Se não bastasse a dificuldade imposta por suas necessidades, estes indivíduos enfrentam ainda desvantagens econômicas e técnicas na compra de tais programas e acessórios devido ao alto custo e à sua restrita funcionalidade. (FREITAS, BENJAMIM e PASTOR, 2004, p.04).

O que deve ser observado é o que impede, atrapalha ou limita a socialização do PNE por meio da Inclusão digital.

Costa (2005) propõe que se pode categorizar a inclusão digital em três tipos de semânticas: técnica, econômica e cognitiva. Dessa forma, observa-se que os três indicadores apontados devem ser levados em conta quando se trata da inclusão digital de PNE. De modo direto, Warschauer (2005) defende que as TICs podem ajudar os PNE’s a superar problemas de mobilidade, limitações físicas ou discriminação social.

Exclusão Digital

Conforme ilustrado por Starobinas (2003), “A Exclusão Digital não se dá somente por ausência de acesso físico a computadores, acessórios e conexão, mas também a recursos adicionais que permitem um uso adequado da tecnologia”. Mais uma vez, um exemplo da importância de empenhar e promover para o PNE um melhor acesso à informação. Uma das barreiras enfrentadas por esse grupo, conforme Garcez[1] , é a carência de infra–estrutura, colocando essa carência como um dos piores obstáculos no Brasil: “Por exemplo, acontece de chegarmos em uma comunidade de baixa renda e não termos como levar internet até lá, porque não há fiação telefônica ou instalação elétrica adequada”(Garcez). Portanto, métodos políticos e sociais que visam à implantação de recursos para o atendimento ao portador de necessidade especial devem ser acompanhados por um ambiente propício para a completa e efetiva utilização de tais recursos. 

Porém, Ferreira (2003, p. 6) tem uma importante consideração:

Contudo, é um erro pensar que a democratização da informática irá levar à completa democratização da informação. A primeira forma representa apenas uma contribuição para a segunda, a qual constitui um processo mais amplo e que envolve não apenas os conteúdos informacionais disponíveis na Internet, mas toda a informação produzida na sociedade, registrada nos mais diferentes suportes e de interesse público.

Souto (2003, p. 7) explica que se deve “contextualizar a ética e a cidadania em relação ao acesso à informação em meio digital” observando que a tecnologia “deve contribuir para melhorar a qualidade de vida e bem estar de todos os cidadãos”. Dessa forma, todos devem ter, não só acesso às novas tecnologias de informação, mas, sobretudo, que todos devem ter a efetiva possibilidade de utilizá-las, ou seja, ter acessibilidade.

Acessibilidade

O conceito de acessibilidade, de acordo com Passerino e Montardo (2007), surge ligado a questões físicas com relação a facilidades de acesso (barreira arquitetônicas) e à reabilitação física e profissional, sendo que, posteriormente, é transferido para a informática na questão de acesso à web especificamente.

Citado por Passerino e Montardo (2006), Granollers afirma que acessibilidade (digital) significa “proporcionar flexibilidade para adaptação às necessidades de cada usuário” e salienta que devemos nos atentar às “suas preferências e/ou limitações”. Dessa forma, a tecnologia utiliza algumas ferramentas que possibilitam acesso ao meio informativo. 

Assim, Sonza e Santarosa (2003) explicitam o fato de que “conforme a necessidade especial apresentada, e utilizando os recursos tecnológicos que a Informática nos propicia” faz com que os PNE’s “se apropriem do conhecimento com maiores facilidades”.

Ter acesso à informação é promover a igualdade entre pessoas que, por características diversas, possuem algum impedimento, seja no nível do conhecimento, seja pela escassez de recursos que facilitam o acesso. Com a informação, o cidadão pode ampliar seu conhecimento conforme seu interesse, pois terá ao seu alcance, meios que o beneficiarão como, por exemplo, a grande gama de recursos online.

A Tecnologia e os Portadores de Necessidades Especiais

Não se pode deixar de salientar que a tecnologia é um fator que contribui para que a informação possa ser disponibilizada, e logicamente, acessível às pessoas. O fato a ser destacado é de que a tecnologia pode sim, ser um diferencial para deficientes. Uma pessoa com deficiência motora, por exemplo, pode tar acesso ao computador por meio de softwares, como o HeadMouse, que realiza uma leitura da face, e cada movimento torna-se o movimento do mouse, e com as devidas configurações, um piscar de olhos pode ser um clique na tela.

Outro exemplo, amplamente utilizado em bibliotecas e outros meios de acesso à informação, são os softwares chamados de leitores de telas, que realizam a leitura da tela por onde o mouse aponta. Ainda existem, também, completos sistemas que funcional como um sistema operacional, como o Dos Vox, que possui jogos, acesso à internet, editores de texto, com o auxílio de um sintetizador de voz.

Além disso, programas que fazer a tradução da fala em libras, assim como softwares e convertem músicas para uma impressora braile já estão disponíveis para os usuários.
Dessa forma, destaca-se que a tecnologia é um fator de diferenciação para a promoção da inclusão social, que é o grande motivo do porque utilizar e desenvolver tecnologias para o auxílio ao acesso para portadores de necessidades de especiais.

Softwares de Acessibilidade

DOSVOX

É um sistema operacional para microcomputadores da linha PC (Personal Computer - Computador Pessoal) que se comunica com o usuário através de síntese de voz viabilizando, deste modo, o uso de computadores por deficientes visuais. O sistema "conversa" com o deficiente visual em Português. O DOSVOX apresenta o mérito de ter sido pioneiro nesta área disponibilizando um sistema completo para deficientes visuais, incluindo desde edição de textos até navegação na Internet e utilitários, o que possibilita a seus usuários uma grande variedade de opções.

Dentre as limitações do DOSVOX, pode-se destacar o acesso à Internet, que apresenta algumas restrições pelo fato de a maioria das páginas apresentarem figuras, gráficos e frames, o que torna difícil para o deficiente visual compreender o que está sendo exibido na tela. Mas, como o sistema vem sendo aperfeiçoado a cada nova versão, ao que tudo indica este problema poderá ser minimizado.

Virtual Vision

Desenvolvido pela MicroPower (empresa de Ribeirão Preto – SP), é uma aplicação da tecnologia de síntese de voz, um "leitor de telas" capaz de informar aos usuários quais os controles (botão, lista, menu) estão ativos em determinado momento. Permite a leitura de páginas da Internet citando, inclusive, os links para outras páginas, embora não seja tão eficiente em sites com frames e tabelas.

Jaws

Programa desenvolvido pela empresa norte-americana Henter-Joyce, pertencente ao grupo Freedom Scientific. O Jaws para Windows é um leitor de telas que permite facilmente o acesso ao computador a pessoas cegas ou amblíopes. É um software de fácil utilização e eficiente, sua velocidade pode ser ajustável conforme o nível de cada usuário. O Jaws trabalha em ambiente Windows e consegue ler praticamente todos os botões, seus detalhes e os frames das páginas da Internet.

Para o acesso à informação em meio digital, o espaço conta ainda com outros softwares, como por exemplo:

• Zoom Text Xtra - ampliador de telas
• Goodfeel - Conversor de música para Braille.
5.      RESULTADOS
O presente texto aborda alguns pontos que contribuem para um melhor entendimento sobre a importância de promover ações para minimizar os efeitos da exclusão digital, para o grupo formado por pessoas com deficiência.

Com base na bibliografia estudada, é perfeitamente observável que a inclusão digital pode ajudar significativamente o desenvolvimento humano em todos os aspectos. Por isso a importância de explicitar e promover as constantes mudanças tecnológicas.

Mas como o foco deste trabalho é a inclusão dos PNE’s, é perceptível também que, aos poucos, a sociedade vem se preocupando com os Portadores de Necessidades Especiais e seu acesso às tecnologias digitais. Prova disso são os softwares de acessibilidade.
6.      CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A partir desta pesquisa pode-se observar que se conseguem notar políticas de inclusão digital, e que, o assunto está ligado de modo direto à motivação final, que é incluir socialmente o indivíduo.

Com o acesso à informação, a tecnologia torna-se uma ferramenta de grande importância, e que, com as devidas adaptações, faz com que o deficiente possa estar devidamente incluído no grupo de co-autores do futuro da sociedade, aplicando o conhecimento adquirido e participando ativamente do contexto social, seja do lado profissional ou pessoal.

Espera-se que os pontos levantados no presente texto possam ser utilizados
para contribuir para uma melhor compreensão da importância do desenvolvimento de ações voltadas à efetiva inserção do deficiente no âmbito social. Portanto, os profissionais da tecnologia devem se preocupar com o desenvolvimento de ferramentas de informação que possam atender a todas as pessoas, seja no desenvolvimento de sites, seja na criação de softwares, realizando assim, o fácil e eficaz acesso à informação.
 
Referências

CABRAL, Adilson. UNESA, Sociedade e Tecnologia Digital: entre incluir ou ser incluída. Disponível em: <http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/viewFile/207/122>. Acesso em: 15 jun. 2011.

COSTA, Leonardo Figueiredo. Comunicação, Novas Tecnologias e Inclusão Digital - Uma Análise dos Projetos Realizados na Bahia, Bahia, 2007, disponível em < http://poscom.tempsite.ws/wp-content/uploads/2011/05/Leonardo-Costa.pdf >. Acesso em: 26 mai 2011.

FREITAS, João Vitor; BENJAMIN, Marcelo Braga; PASTOR, Saulo Oliveira. Usabilidade e Acessibilidade para Portadores de Necessidades Especiais na Web. Disponível em: <http://www.frb.br/ciente/Impressa/Info/2004.2/usabilidade.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2011. 


MOURÃO, Adriana Caldeira; SANTOS, Caroline Queiroz; CARVALHO, Liliane Alves de; SILVA, Regina Helena Alves da; BORGES, Sheila da Silva; MEIRA JUNIOR, Wagner. Inclusão Digital e Cidadania: A Experiência do Projeto Cidadão.NET – Belo Horizonte: IDENE, 2009.

REBELO, Paulo. Inclusão digital: o que é e a quem se destina? - Comportamento - Software Livre. Disponível em < http://webinsider.uol.com.br/2005/05/12/inclusao-digital-o-que-e-e-a-quem-se-destina/>. Acesso em: 04 abr. 2011.

SILVA FILHO, Antônio Mendes da. Os Três Pilares da Inclusão Digital. Revista Espaço Acadêmico – Ano III – Nº 24  - Maio, 2003.

SONZA, Andréa Poletto, SANTAROSA, Lucila Maria Costi, Ambientes Digitais Virtuais: acessibilidade aos deficientes visuais. Disponível em: < http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13034>. Acesso em: 26 mai. 2011.

PASSERINO, Liliana Maria, MONTARDO, Sandra Portella, Proposta de inclusão digital para Pessoas com Necessidades Especiais. Disponível em: < http://redessociaiseinclusao.pbworks.com/f/e-compos.pdf >. Acesso em: 13 mai. 2011.

STAROBINAS, Lilian, Repensando a Exclusão Digital. Disponível em: <http://www.cidade.usp.br/arquivo/artigos/index0902.php>. Acesso em: 22 mai. 2011.

SOUTO, Leonardo Fernandes. Acesso à Informação Digital para Portadores de Necessidades Especiais em Bibliotecas Universitárias: Questão de Ética e Cidadania. Florianópolis, 12 a 14 de novembro de 2003, disponível em: < http://www.ciberetica.org.br/trabalhos/anais/46-71-p1-71.pdf> Acesso em: 13 mai. 2011.

WERNECK, Cláudia. Entrevista. Disponível em: < http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_canal=39&cod_noticia=6814 >. Acesso em: 13 mai. 2011.



Disponível em: <http://inclusaodigital.org/portal/news.php?shownewsId=31&pageNumber=1>. Acesso em: 26 jun. 2011.







Escrito por: Cézar Vieira Fernandes